QUEM ME SEGUE

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"O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor sobre ti levante o seu rosto ...
e te dê a Paz."

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O PÃO NOSSO... DÁ-NOS HOJE



Myrtes Mathias 

Não é preciso que percorras as estradas 
cobertas de pó, as ruas piçarradas, 
os trilhos que se perdem na floresta, 
para que conheças o drama que se desenrola 
dentro de cada choupana, 
no recôndito de cada coração. 
Do alto, onde reinas, 
podes ver os risos e os soluços, 
os cânticos e as lágrimas. 

Não é poético que nesse instante de silêncio 
eu Te procure para pedir algo material, 
muitas vezes considerado vil. 
Acontece, Senhor, que o mesmo metal 
que compra consciências e corrompe vidas 
afasta o fantasma da fome, da miséria e da dor. 
Pode ser bom passar privações, 
como é para o ouro o calor do cadinho 
que o purifica, mas eu temo, Senhor, 
por aqueles que deixaram tudo para Te seguir. 

São arautos do espírito, pescadores de almas, 
guardiães de bens eternos, mas habitam um corpo 
que exige abrigo e alimento. 
Não posso imaginá-los anunciando o Pão da vida 
com estômagos vazios; 
pregando Teu amor de Pai, 
e sem recursos para atenderem aos filhos pequeninos; 
prometendo, em Teu nome, uma morada no céu 
e não tendo na terra uma casa decente para morar. 
Sobretudo, Senhor, receio que as provações 
venham a fazer vacilar a fé dos mais fracos. 
E isto é mais terrível que a fome, a sede, 
o medo, a dor. 

Sei que a certeza de uma grande pérola 
no fundo do oceano enriquece de esperança 
todos os mergulhadores, 
mas é preciso que haja 
o necessário para que os pescadores 
se atirem uma vez mais ao mar. 
Como o salmista, 
não Te peço que lhes dês em demasia, 
mas não fica bem, Senhor, implorar a homens 
quem tem Pai tão rico. 
Gostaria de ver teus arautos preocupados apenas 
em combater o inimigo, sem temores e sem privações. 

Por isso, Senhor, 
venho bater à porta dos teus eternos celeiros. 
Bem pode ser que não tenhamos sido despenseiros fiéis 
na administração daquilo que nos deste, 
por isso apelo à misericórdia, e não à justiça; 
esquece nossa imperfeição 
e abre as janelas do céu 
para que se repita o milagre de Sarepta: 
que da sua pobreza tire o teu povo azeite e farinha 
para que haja fartura na casa dos teus arautos 
e na casa dos que sustentam as cordas 
jamais se esvazie a panela e se seque a botija. 

Tu sabes onde estão os tesouros da terra: 
no fundo das minas ou no coração dos homens, 
não importa. 
Basta um gesto Teu, 
para que minha prece seja atendida. 

Faze-o, pois, Senhor, 
para salvação de minha gente, 
alegria de teus embaixadores 
e glória de Teu Filho, 
em nome de Quem Te entrego 
a causa do Teu reino, 
que é de todos nós. 
Amém. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PRECE DO RENASCER

Myrtes Mathias
Hoje, pedi para renascer. 
Recomeçar. 
Fazer do dia de hoje 
o “primeiro dia do tempo que me resta para viver”. 
Não sei se dias, meses, anos, 
mas estou bem segura sobre a fidelidade 
d’Aquele que tem o meu tempo em Suas mãos. 
Por isso, estou tranquila, 
Sem lembranças tristes, remorso, passado. 
Apenas o futuro, 
que recebo como um presente de Ano Novo, 
a ser usado, passo a passo, 
de mãos dadas com o seu Doador.
*** 
Talvez eu tenha estado muito perto da “praia”, 
tão preocupada com a multidão 
e seu senso de valores, 
que tenha chegado a trocar a primogenitura 
por efêmeros pratos de lentilhas; 
valores eternos por ilusões de poder, 
prestigio ou, simplesmente, de aceitação. 
Por isso, Senhor, nesta hora de renascimento, 
neste “1º dia do tempo que me resta”, 
afasta-me da praia, 
o bastante para que se ouça o que tens a dizer 
através de mim, 
o suficiente para que eu não escute os males 
que outros dizem, mesmo que gritem. 
Assim não sucumbirei à tentação de julgar, 
criticar, estabelecer comparações. 
Depois – ou antes? – 
leva-me ao “mar alto”, 
só Contigo, 
para um recomeçar definitivo, absoluto, 
que me fará atirar a rede, 
após uma longa noite de decepção.
*** 
Nascer de novo. 
Não lembrar pecados cometidos, 
ações que envergonham, 
omissões que causaram dor. 
Já não me pertencem. 
Pesavam demais e Alguém os tomou de mim, 
para leva-los em Seus braços fortes, 
um dia testados na cruz. 
Depois há que se lembrar 
que os recém-natos não levam cargas. 
Eles é que são carregados, 
dóceis e dependentes, 
nos braços de quem os ama, 
cuida deles: 
como eu, agora, 
por Aquele que tomou meu fardo, 
comprou minha causa, 
buscou-me dizendo: 
- Importa renascer!

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

AQUELA QUE VOLTA

Poema de Myrtes Mathias

Senhor,
nesta hora de gratidão e saudade,
eu recordo um milagre Teu.
Eram dez restos de homens que se arrastavam
pelas estradas cobertas de pó.
Desprezados, escorraçados,
abandonados pela sorte e pela humanidade.
E por eles interrompeste uma jornada:
“Ide e mostrai-vos aos sacerdotes.”
E, porque obedeceram, o milagre aconteceu.
Limpos. Curados. 
Readmitidos na sociedade.
Ressuscitados.
Mas só um voltou para Te agradecer,
para dar glória a Deus.
E esse era estrangeiro,
duplo estigma,
menor de todos.
Também em minha vida houve milagre.
Um? Não, muitos.
Por isso quero ser aquela que volta
para agradecer as coisas difíceis,
como milagres;
preciosas como bênçãos;
os acontecimentos do dia a dia,
que chegaram na hora,
que não deixaram de acontecer.
Alguém pode dizer que a natureza
tem leis fixas;
que o acaso contribuiu,
que a sorte foi favorável.
Eu prefiro pensar que tudo foi um presente,
que tudo veio de Ti.
É por isso que volto para agradecer
o milagre de cada dia vivido,
as oportunidades e os privilégios;
os risos e as lágrimas,
cada um, presente Teu.
Sim, Senhor, é por isso que estou aqui,
para dizer-Te, ajoelhada:
Obrigada, Senhor, muito obrigada
por tudo quanto me deste
e pelo privilégio santo
de, menor de todas,
dirigir-me a Ti.

domingo, 15 de novembro de 2015

Enquanto és Jovem


Poema de Myrtes Mathias


Quando na cidadela de tua alma
se digladiam a voz da consciência
e a atração do mundo,
nessa batalha tão mais terrível
porque travada no silêncio e na solidão,
Alguém participa de tuas lutas,
compreende tua limitação.

Quando estendes a tua mão direita
para fazer alguma coisa boa,
sem que o saiba tua mão esquerda,
Alguém vê teu gesto e abençoa.

Ainda é o mesmo, Aquele que no templo
olvidou ruídos e sábios fariseus,
para abençoar duas moedas
que caiam no gazofilácio,
como um hino no coração de Deus.

Não te preocupes a opinião do mundo,
à tua própria opinião;
entrega teus bens e tua vida,
duas pobres moedas diante dos homens,
preciosas para Aquele que vê o coração.

Acende tua chama e parte a iluminar o mundo,
enquanto és jovem,
enquanto tua luz tem mais fulgor.
Deus te deu a salvação e a liberdade;
distribui esses bens com a humanidade:
Amor se paga com amor.

Se a ordem for gastar os teus talentos
entre gente estranha que nunca te agradecerá,
para enxugar teu suor e tuas lágrimas
os teus passos Alguém precederá.

Se lá vieres a morrer incompreendido,
em nome desse ideal, sem um adeus,
Aquele que te viu e guiou em cada passo,
trocará tua renuncia e teu cansaço
por um lugar de honra entre os heróis de Deus.


domingo, 1 de novembro de 2015

SUBIMISSÃO

Myrtes Mathias
Esta é a hora do obrigada apesar de...
Obrigada pela graça da submissão
que faz aceitar,
sublimar,
transformar num poema a dor que aflige.
É bom sentir Teu cuidado
de Pai severo e amoroso,
guiando filha pequenina e frágil.
Que importa eu chore?
“Jesus chorou.”
Um dia serei brilhante lapidado na Tua mão.
As pedras sofrem até tornarem-se cristalinas,
maravilhosas,
dignas de um Rei.
Sim, um dia chegarei a decorar,
assimilar,
gravar com lágrimas,
a frase linda que Teu Filho nos legou:
“... para servir, não para ser servido...”
Sim, um dia tudo será perfeito
e este coração, que sonha,
desencanta-se
e sofre,
não chorará mais,
não terá necessidade de correr em busca do seu Autor,
que tudo vê,
tudo pode
e a todos consola.
Que importa o presente,
quando se tem uma esperança linda?
Por tudo isto,
mesmo sem compreender:
- Obrigada, “Pai nosso, que estás nos céus,
seja feita a Tua vontade...”

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Eu me rendo

Eu me rendo aos teus pés
Porque o Teu sacrifício
foi a maior demonstração
de amor por mim.

Eu me rendo aos teus pés,
Pois não há outro Deus como Tu,
Que já me amava,
antes que eu existisse.
Isso mesmo,
antes da fundação do mundo.

Então me rendo aos teus pés,
Pois tu me conheces por dentro,
Tu sabes os meus pensamentos,
Me rendo, me prostro aos teus pés.

Em: 25/5/2014

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O GAROTINHO PERDIDO

Myrtes Mathias

A primeira interrogação foi a de todos os dias:
- Joãozinho...
Joãozinho está aí?
Mas Joãozinho não estava na casa ao lado,
Nem na outra,
Nem na outra.
Panelas foram esquecidas ao fogo,
O pai chegou, pensou em palmadas
E não voltou para o trabalho.
A vizinhança toda saiu à rua,
O telefone começou a tocar
Para todos os lugares possíveis
E impossíveis de ser encontrado
O pequeno fugitivo.
A rua transforma-se em palco
De medo e angustia,
Um sabor de tragédia pairando no ar.
Tudo porque um pedacinho de gente,
De rosto sardento
E short quadriculado
Encontrara o portão aberto
E resolvera conhecer o mundo.

Onde o teria levado
Sua pequena cabeça de cinco anos?
Talvez nem se lembre de que há horas
Mamãe e papai só sabem chorar e repetir:
- Onde estás filhinho?
Onde estás?...

E, no meio do desespero,
Uma inspiração atravessa a mente
Do pai aflito.
Quase sem folego, chega à delegacia:
- Seu guarda, por acaso...
Mas nem termina a frase,
Sobre o banco,
Sinal de lágrimas no rostinho sujo,
Está o pequeno fugitivo.
Ele nem pensa em palmadas
Quando se curva para toma-lo nos braços,
Apenas na alma um gosto do céu,
De tesouro encontrado.

A criança abre os olhos,
Murmura “papai”
E aninha no ombro paterno a cabecinha,
Para dormir melhor.

É assim no céu desde o princípio,
Desde quando o homem se perdeu;
-Onde estás meu filho? O Pai procurando
E Jesus com a vida convidando:
- Volta; fugitivo, o céu ainda é teu.

Talvez estejas irreconhecível,
Filho ingrato que o mundo quis levar,
Mas o Pai pelo nome conhece,
Perdoa tua culpa, todo mal esquece
Pela alegria de te encontrar.

Por que insistes na tola vaidade,
Preso a uma estrela de tão falso brilho?
Como podes fugir, indiferente,
Tendo um Pai que chama docemente:
-Onde está, Meu filho?
Onde estás, Meu filho?

sábado, 28 de março de 2015

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

domingo, 10 de novembro de 2013

Adeus ao Marco Antonio Sharam Ralph

Meu gatinho lindo foi embora.
Ele esteve conosco por 13 anos e 10 meses. Era a alegria da casa. Dizem que gato não é companheiro, mas o meu era, bastava chamar, ele estava aqui. Era dengoso, seletivo com a ração, só gostava de ração da Royal Canin, e gostava de comer na mão e de água geladinha. Eu chamava: Marco, vem comer, ele já estava apostos. Devido o ar condicionado dormíamos com a porta do quarto fechada, mas ele arranhava a porta, pedindo comida, água, ou avisando alguma coisa lá fora. Era um cãozinho de guarda.
Agora é só saudades e lembranças do meu louro josé em pelos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

UM SIMPLES SERVO



Poema de Myrtes Mathias

Chorei...
quando alguém me disse,
que eu poderia ser um tirador de água
ou rachador de lenha,
nunca um teólogo.
Mas pensando,
sofrendo,
refletindo,
conclui ser benção,
o que julgara maldição.
É certo que são funções de escravos.
Mas fui chamado para ser servido,
e lavar os pés dos que estão à mesa?
Tirador de água...
No deserto, sem um traço de verde.
Sob o sol inclemente,
a figura amiga e humilde
do homem que tem os instrumentos
que pode tirar
e oferecer um pouco de água fresca.
A doce musica da roldana,
que faz subir o balde,
onde a água cintila
preciosa como a salvação.
E quando o inverno chega,
gelando o corpo e a alma,
entorpecendo os membros,
tirando a alegria,
anunciando a morte;
ou quando falta o fogo
para a alimentação...
bendita mão rude e calejada
que toma o machado e prepara a lenha.
Abençoado tirador de água!
Abençoado rachador de lenha!
Água que refrigera - fogo que aquece,
salvação de Jesus - presença de Deus.
Cantei...
Quando descobri que meu ministério
não será trampolim
para as posições de honra
a projeção pessoal , o deleite meu.
Apenas um tirador de água
- da água da vida.
Ou rachador de lenha
- para o fogo do altar.
Um simples servo
para a glória de Deus.